{Resenha} Antes de dormir - S. J. Watson

Título: Antes de dormir

Título original: Before I Go To Sleep
Autor: S. J. Watson
Editora: Record
Ano: 2012
Páginas: 400
Skoob
Avaliação: 3/5

* e-book do acervo pessoal da blogueira *

Christine acorda numa cama estranha, ao lado de um homem com uma grossa aliança no dedo. Sua primeira reação é imaginar que na balada tenha se envolvido com um homem casado. Enquanto tenta se lembrar com esforço da noite anterior, entre pudores de ser descoberta pela esposa traída, ela finalmente se olha no espelho. E não reconhece o reflexo, pelo menos vinte anos mais velho do que esperava encontrar.

É então que o homem lhe revela algo perturbador: todos os dias, suas memórias desaparecem todas as vezes que ela dorme. O estranho, seu marido Ben, é obrigado a recontar a vida deles todas as manhãs. Encorajada por seu médico, ela começa um diário para ajudá-la a recompor as memórias dia após dia. Certa manhã, ela o abre e se depara com quatro assustadoras palavras: “Não confie em Ben”. E ela passa a se perguntar... Que acidente a fez ficar assim? Em quem ela pode confiar?

Tudo pode acontecer. Tudo acontece. Antes de dormir violenta toda e qualquer fabulação. É quase impossível não criar conjecturas que caem a cada página, para serem substituídas por outras teorias igualmente equivocadas. No centro deste romance surpreendente sobre memória, identidade e loucura, está uma pergunta aterrorizante. Como alguém pode viver se não consegue acreditar em si mesmo? Mais: como é possível se construir em menos de 24h?

Olá, pessoas.

Vocês sabem que eu amo thriller psicológico, né? Então, foi impossível não ficar curiosa com esse aqui: uma mulher que acorda sem saber onde está, quem é, o que faz ali... a proposta de Antes de dormir é realmente instigante! No entanto, seu desenvolvimento deixou a desejar.

Christine é uma mulher de quase 50 anos que não lembra de quase nada do que aconteceu em sua vida. Num primeiro momento isso é completamente assustador, mas então seu marido lhe explica que ela sofreu um acidente e, por isso, é amnésica. Ele anota coisas em um quadro para que ela não fique tão desorientada, mas não há nenhuma anotação sobre o médico que liga para Christine falando sobre uma consulta. Ela deve confiar no tal médico? Afinal, seu marido não falou nada sobre isso...

Quando o Dr. Nash lhe explica que ela tem mantido um diário, ela corre para lê-lo. E é então que ela descobre a terrível frase escrita nele: Não confie em Ben. Agora, ela terá apenas as horas que seu marido está fora trabalhando para descobrir o motivo daquilo estar escrito ali.

“O que somos senão o acúmulo de nossas próprias memórias?”

Assim que começa a ler, ela percebe que teve muitos flashbacks nos últimos dias, lembrou de inúmeras coisas que não imaginava e sobre as quais o marido não lhe contou, o questionou sobre isso, consultou com o Dr. Nash...

Enfim, como uma amnésica e escritora de romances, Christine não é uma narradora confiável. Ela pode estar alucinando sobre o que escreve, pode ser apenas um livro de ficção, pode ser que ela esteja sendo enganada sobre o que ela mesma está escrevendo... são muitas suposições, em muitos momentos ela mesma desconfia dela, tudo em que ela pode se apoiar é aquela frase no início do diário. Mas se ela não pode confiar no próprio marido, em quem ela poderá?

Dividido em três partes e 400 páginas, Antes de dormir tem uma narrativa lenta e monótona. Quando finalmente acontece algo realmente interessante, o livro acaba. Esse é um grande problema que eu percebo nos thrillers psicológicos/suspenses: o autor se preocupa tanto em manter o mistério pelo livro todo que esquece o que fazer depois que o mistério finalmente for revelado. E aí a frustração alcança seu pico.

Antes de dormir foi um livro previsível. Fui enganada em alguns momentos, mas num geral eu já imaginava exatamente como tudo terminaria. A segunda das três partes em que ele é dividido é cansativa, pois é a parte do diário da protagonista e como ela não tem memória ela precisa reler o que escreveu no diário e sim, ela escreve pra gente aquilo que ela leu. Não com detalhes, mas fica repetitivo na maior parte do tempo.

“Qualquer coisa que ele me diga agora, eu terei esquecido quando acordar amanhã. O dia de hoje é tudo o que eu tenho.”

Aliás, em muitos momentos eu fiquei me perguntando: ela disse que só tinha cinco minutos pra escrever mas deu tempo de ler o que já havia escrito e ainda escrever tudo isso? Não tá certo. O timing estava completamente errado, o que para mim foi um grande furo.

Só agora, na hora de escrever essa resenha, que descobri que há uma adaptação para o cinema com Nicole Kidman no papel principal. Vou tentar assistir, com esperança que seja menos monótono que o livro, pois a proposta é realmente boa. Se eu conseguir ver, volto pra contar pra vocês como foi.

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