{Resenha} O segredo do meu marido - Liane Moriarty

Título: O segredo do meu marido
Título original: The Husband's Secret

Autora: Liane Moriarty
Editora: Intrínseca
Ano: 2014
Páginas: 368
Skoob
Avaliação: 4.5/5

* livro do acervo pessoal da blogueira *

Imagine que seu marido tenha lhe escrito uma carta para ser aberta apenas depois que ele morresse. Imagine também que essa carta revela o pior e o mais profundo segredo dele - algo com o potencial de destruir não apenas a vida que vocês construíram juntos, mas também a de outras pessoas. Imagine, então, que você esbarra nessa carta enquanto seu marido ainda está bem vivo...
Emocionante, O segredo do meu marido é um livro que nos convida a refletir até onde conhecemos nossos companheiros - e, em última instância, a nós mesmos.

Apesar de comentarem comigo que Pequenas Grandes Mentiras (recentemente adaptado pela HBO) é melhor que O segredo do meu marido, resolvi conhecer a autora por esse. Ela não me decepcionou.

De início, somos apresentados à família Fitzpatrick: Cecília, a esposa e mãe modelo, seu marido John-Paul e suas filhas Polly, Esther e Isabel. É Cecília quem vai encontrar a carta que só deveria ser aberta após a morte de John-Paul.

Quando comecei a ler, achei que a trama inteira giraria em torno de Cecília e John-paul. Não sei dizer se estava animada ou assustada com isso, mas depois que percebi que a história intercalaria a vida de três famílias, fiquei bem mais segura e ávida pela leitura. Sinceramente acredito que tudo seria muito rápido e decepcionante se focasse apenas no casal "principal". 

Depois, entram na história Tess, Felicity e Will. Eles moram em Melbourne, mas após uma revelação que abalará o mundo dos três, Tess e Liam, seu filho, vão para Sydney por tempo indeterminado. Apesar dessa história não ser ruim, eu estava ansiosa para voltar à primeira história, queria descobrir o que havia na tal carta.

No entanto, o próximo capítulo me trouxe uma nova história: Rachel, Lauren, Rob e Jacob a protagonizam. Eles moram em Sydney, mas os três últimos logo irão para NY, o que deixa Rachel desolada, pois Jacob é seu neto amado e quem faz com que sua vida tenha sentido. Aparentemente essas três histórias não tinham nenhuma ligação, mas foi nessa aqui que a trama foi se firmando, com personagens que se conheciam ou iriam se conhecer...

Todos os envolvidos têm seus segredinhos sujos. Qual é o pior e qual a relação com os dos outros? Você terá que ler para descobrir...

Apesar de eu ter classificado esse livro como chick-lit, ele tem uma alta dose de drama. O drama familiar é o cerne do livro, mas além disso há o mistério que envolve a tal carta, traição, morte e muito mais. Ele só foi classificado como chick-lit porque o foco são as mulheres, seus dramas e também porque há passagens bem engraçadas.

“Cecilia doaria um rim para a irmã mais nova sem hesitar, mas, às vezes, tinha vontade de se sentar em cima dela e esfregar um travesseiro na sua cara. Esse tinha sido um jeito eficiente de mantê-la na linha quando crianças. Era uma pena como os adultos tinham que reprimir seus verdadeiros sentimentos.”

Um grande erro que autores de suspense cometem é: passar páginas e mais páginas desenvolvendo o mistério, nas últimas dez trazer um plot twist, explicar pontas soltas brevemente e fim. Em geral, isso é frustrante. Mas Liane Moriarty segue por um caminho diferente: ela nos entrega o grande segredo no meio da obra e, a partir daí, vai trabalhando com as consequências que ele causou, causa e causará na vida das pessoas envolvidas. E isso é genial. A tensão é mantida e a possibilidade de se frustrar ao fim é menor. 

O mistério da carta é resolvido mais ou menos na metade do livro, mas a tensão sobre o que acontecerá a seguir permanece. Quais serão as consequências? O que Cecília fará com aquela informação? Muita coisa está em jogo e ela tem uma decisão importantíssima a tomar.

Além disso, outros dramas vão sendo acrescentados, de forma que a autora nos obriga a continuar virando as páginas avidamente.

A Intrínseca fez um excelente trabalho na revisão do livro, impecável eu diria, pois não lembro de ter visto nenhum erro. Por outro lado, pecou na diagramação. As folhas são amareladas, grossas o suficiente pra não ter a leitura atrapalhada pelo outro lado, as margens são boas, mas a fonte é pequena. Não sei se estou ficando velha ou o que, mas foi por isso que demorei mais que o normal pra ler esse livro: eu precisava forçar um pouco minha visão e, por isso, acabava sentindo sono e/ou dormindo. Podiam diminuir um pouco o espaço no início dos capítulos e caprichar no tamanho da fonte, hein, Intrínseca?

Você já leu esse ou outro livro da Liane Moriarty? Me conta!

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