{Resenha} Os 13 porquês - Jay Asher

Título: Os 13 porquês
Título original: Thirteen Reasons Why
Autor: Jay Asher
Editora: Ática
Ano: 2009
Páginas: 256
Skoob
Avaliação: FAVORITO! ♥

Ao voltar da escola, Clay Jensen encontra um misterioso pacote com várias fitas cassetes. Ele ouve as gravações e se dá conta de que foram feitas por uma colega de classe que cometeu suicídio duas semanas antes. Nas fitas, ela explica que 13 motivos a levaram à decisão de se matar. Clay é um deles. Agora ele precisa ouvir tudo até o fim para descobrir como contribuiu para esse trágico acontecimento.

Eu li esse livro pela primeira vez em 2014, ainda em formato digital. Ao concluir a leitura, eu fiquei doida atrás da edição física e acabou que esse é o livro mais caro que tenho na estante. Conto um pouco sobre a compra na postagem sobre a Livraria Cultura.

Enfim, esse ano eu tive que reler para participar de um debate e confesso que estava com um pouco de medo de me decepcionar, afinal se passaram quase 3 anos desde que fiz a leitura e me apaixonei por Os 13 porquês. Eu mudei de lá pra cá, quem sabe minha percepção tinha mudado também!? Mas não foi isso que aconteceu. Eu simplesmente amei a leitura e, tirando o fato de eu lembrar de algumas coisas, foi como se estivesse lendo pela primeira vez.

Hannah Baker se suicidou. Os motivos estão gravados em sete fitas que foram entregues para Clay Jensen e que deverão ser enviadas para a próxima pessoa da lista.

Que lista? 

A lista de pessoas e suas participações em histórias que levaram Hannah a se suicidar.

Clay não entende o motivo de ter recebido aquele pacote, afinal ele nunca fez nada que pudesse causar tamanho sofrimento à Hannah... ou fez?

A história toda ocorre em questão de algumas horas e vamos acompanhando em tempo real as reações de Clay ao ouvir as sete fitas que recebeu naquele mesmo dia. De uma forma que pode parecer inverossímil para algumas pessoas, as histórias vão se relacionando e como a própria Hannah diz, virando uma bola de neve.

Uma mentirinha inocente que levou a um ato inocente, que levou a outro ato inocente e que acabou com uma garota se suicidando. A verdade é que Hannah já não se sente segura em lugar nenhum, percebe que não pode confiar em ninguém e nem ao menos tem a atenção de seus pais, que poderiam lhe ajudar.

A trama gira inteiramente em torno das fitas, que fazem voltas ao passado com Hannah contando como foi que ela chegou à decisão de se matar e no presente com as reações de Clay. Não há muitos personagens além daqueles que são citados nas fitas, e mesmo eles não são bem construídos. Eu não vi problema algum nisso, pois o foco das fitas eram as ações das pessoas, não suas características físicas, psicológicas e afins. No entanto, outras pessoas podem ficar incomodadas.

No dia do debate sobre o livro alguns comentaram que sentiram falta de mais pontos de vista além do de Clay. Eu acho que isso poderia ou não ter funcionado, mas acredito que mais pontos de vista tornariam o livro maçante e abriria algumas brechas. Enfim, do jeito que foi escrito está ótimo!

... ♥ ...

Devo dizer que Jay Asher fez uma bela escolha ao escrever a história sob o ponto de vista de Clay, no entanto alguns pensamentos me incomodaram, até me irritaram um pouco. Ele parecia querer culpar Hannah pelo que havia feito e me senti um pouco desconfortável com algumas reações dele. De qualquer forma, foi só eu me colocar no lugar dele, ouvindo fitas que explicavam o suicídio da pessoa que ele gostava, que a raiva se dissipou. Eu é que não quero saber como é que eu reagiria a algo assim.

A lição que fica bastante explícita na obra é o quanto ignoramos pequenos atos, tanto aqueles que cometemos quanto os alheios. Achamos que estamos fazendo uma brincadeirinha e, no fim, acabamos com a vida de alguém. Isso é algo muito sério: nunca sabemos pelo que as outras pessoas estão passando ou o que pensam, portanto é sempre bom se colocar no lugar do outro e ouvir com empatia o que ele tem a dizer.

A leitura desse livro (em 2014) foi tão marcante que eu lembrava de inúmeros fatos, em especial quem seria a pessoa que receberia a última fita (calma, não tem spoiler). Reler foi uma experiência gratificante e eu gostaria que todas as pessoas do mundo lessem esse livro, em especial os jovens que estão no Ensino Fundamental. Claro que seria bem importante ter um debate aprofundado sobre a leitura, depois.

"Ela foi muito dramática" alguns dizem. "Ela poderia ter procurado ajuda" outros dizem.
Mas eis o ponto mais forte do livro: ela pediu ajuda o tempo todo. Desde o começo. Do jeito dela, mas pediu. E todos viraram as costas, todos agiram como se seus atos não fossem nada. Por favor, tenham em mente que cada pessoa é única e tem experiências, sentimentos e reações característicos. Não fechem seus olhos para isso.

"Aqui vai uma dica. Se você tocar uma garota, mesmo sendo de brincadeira, e ela o empurrar para longe, deixe... ela... em paz. Não toque nela novamente. Em lugar nenhum! Simplesmente pare. Ela vai sentir nojo se você fizer isso."

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