Sim, demorei a escrever. Não, ainda não me recuperei. Ainda não tenho palavras para descrever esse livro e com certeza será uma resenha difícil pra mim. Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que: detesto gente que fica se pagando de bipolar na Internet, achando que isso é algo legal de se fazer; perdi dois entes queridos para o câncer, portanto essa foi uma leitura especialmente dolorosa de se fazer e eu com certeza deixarei muitos detalhes passarem, simplesmente porque passei a maior parte do livro chorando e não absorvi tudo como deveria.
ENREDO
Acredito que se uma pessoa realmente quer se surpreender com Dançando sobre cacos de vidro, não deve ler a sinopse, pois ela conta muito sobre o enredo. Como eu li a sinopse, não tive grandes surpresas durante a leitura, no geral ele foi bem previsível, mas a escrita de Ka... ah, a escrita de Ka! Minha gente, só alguém sem coração para não se emocionar com esse livro.
Dançando sobre cacos de vidro é a história do amor (im)possível entre Michael Chandler, um homem diagnosticado com transtorno bipolar e Lucy Houston, que vive em uma espécie de corda bamba desde que perdeu a mãe para um câncer e que, por isso, precisa se monitorar frequentemente para não acabar como ela. Após muito ponderarem, eles resolvem ficar juntos, mas não sem antes escreverem regras que não devem ser quebradas, para manter a harmonia do casal.
- Mickey, eu realmente acredito que todo mundo deveria ser importante para alguma outra pessoa neste raio de planeta a ponto de valer a pena lutar por ela. Isso vale para mim também. E ninguém está lutando por mim. Eu desisto.
Em segundo plano, mas de forma alguma menos importante ou explorado, estão as relações familiares entre Lucy e suas irmãs; o casal e a cidade toda. Por morarem em uma cidade pequena, todos se conhecem e é invejável a relação que têm um com os outros. Todos sabem tudo sobre todos, mas não de uma forma cruel e fofoqueira, mas sim bondosa e empática.

Se vocês me perguntassem sobre o que se trata esse livro, eu diria: câncer, transtorno bipolar, aborto, infertilidade, e, acima de tudo, amor. Amor em sua forma mais pura e plena.
PERSONAGENS
Lucy é um doce de pessoa e - ao meu ver - extremamente paciente, pois apesar da doença de Mic, teve uns momentos em que eu me perguntei como ela conseguia se manter tão calma. Mas não é difícil de entender, pois Mickey se mostra completamente apaixonado e fiel à sua amada esposa e me fez suspirar não uma ou duas vezes.
Eu não consegui parar de pensar na Drew Barrymore como Lucy e o Dr. Rey como Mickey
de verdade, eu tentava imaginar um novo rosto pra eles, mas não dava.

Lily, uma das irmãs de Lucy, é quase uma gêmea, apesar de terem alguns anos de diferença. Elas são super apegadas e possuem uma relação indestrutível - ou não. Priss é a irmã mais desapegada, fria e materialista, que tenta se mostrar forte e distante, mas nem sempre consegue. Apesar de ser uma megera na maior parte do tempo, não consegui não gostar dela.
Em 75% do tempo, ele controla a situação. Não se pode deixar de amar um homem assim. Mas é preciso conviver com a ideia de que em 25% do tempo haverá coisas que podem empurrá-lo para o precipício.
Ron, marido de Lily, é um cunhado e amigo exemplar, sempre ao lado de quem mais precisa. Jan e Harry, o casal da casa ao lado (e pais de Ron) são amáveis e tratam Lucy e Mic como se fossem filhos.
Gleason e Charlotte são, respectivamente, os médicos de Mic e Lucy. Eles agem como se fossem da família, tão apegados aos seus pacientes que é difícil de imaginar que realmente exista uma relação assim no mundo real, mas se existir, bom pra quem a vive. Em geral, eu tenho medo de todo e qualquer médico.
NARRATIVA
A narrativa é bastante ágil, porém dá alguns saltos e precisei ficar bem atenta pra não me confundir sobre o que era passado e o que era presente. A cada capítulo, somos saudados por um trecho escrito por Mic e o restante narrado por Lucy, complementando aquilo que Mickey tinha nos "contado".
- Lucy, todo casamento é uma dança: complicada às vezes, maravilhosa em outras. Na maior parte do tempo não acontece nada de extraordinário. Com Mickey, porém, haverá momentos em que vocês dançarão sobre cacos de vidro. Haverá sofrimento. Nesse caso, ou você fugirá ou aguentará firme até o pior passar.
Acho interessantíssimo isso de haver capítulos que narram o presente e outros, o passado. Complementa a história de uma forma rica e única, sempre nos fazendo imaginar em que ponto aquilo tudo se encontra.
Uma das muitas lições que tirei desse livro é: sempre há alguém passando por algo pior do que nós. Sempre. Todos estamos em algum tipo de luta diária mas, em geral, estamos tão focados em nós mesmos que não conseguimos enxergar o outro, não conseguimos ser empáticos com a dor alheia.
Indico Dançando sobre cacos de vidro para quem gosta de histórias e personagens fortes e reais, muito drama, muito choro e algumas lágrimas de esperança. Indico Dançando sobre cacos de vidro para todos aqueles que acreditam que o amor, o verdadeiro amor, não precisa seguir regras ou ser perfeito para ser incrível.
Indico Dançando sobre cacos de vidro para quem gosta de histórias e personagens fortes e reais, muito drama, muito choro e algumas lágrimas de esperança. Indico Dançando sobre cacos de vidro para todos aqueles que acreditam que o amor, o verdadeiro amor, não precisa seguir regras ou ser perfeito para ser incrível.
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