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13/02/2017

{Resenha} O menino do pijama listrado - John Boyne

13/02/2017

Título: O menino do pijama listrado
Título original: The boy in the stripped pyjamas
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das letras
Ano: 2007
Páginas: 190
Skoob
Avaliação: 4/5

Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também não faz ideia que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e a mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e para além dela centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com frio na barriga.
Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.

Livros que têm como cenário a Segunda Guerra Mundial me fascinam. Esse período foi uma época negra para o mundo, mas é incrível ver como boas histórias podem surgir de algo tão cruel e perturbador.

O menino do pijama listrado é uma história de inocência perante as maldades do mundo; um livro escrito de forma simples mas que traz ideias e reflexões complexas. Apesar de ter assistido ao filme anos antes de ler a obra, ainda assim foram páginas emocionantes para mim.

Apesar de escrito sob o ponto de vista de uma criança, quem conhece a História do mundo sabe que não é um tema nada leve ou bonito. Pelo contrário: é terrível e assustador.

Temos como protagonistas Bruno e Shmuel, que, apesar de terem nascido no mesmo dia, não têm outras semelhanças. Enquanto um tem olhos claros, anda sempre muito bem vestido e limpo e tem uma bela casa para morar, o outro tem olhos escuros, cabelos raspados, anda sempre sujo e vive isolado dentro de um campo de concentração. Ah, e ele usa um pijama listrado durante o dia inteiro.

... ou não é um pijama?


Bruno e sua família precisam se mudar por conta do emprego do pai, coisa que deixa Bruno muito infeliz, pois ele não tem amigos no local onde vão morar. Assim, ele passa o tempo explorando o terreno e as proximidades, e em uma dessas explorações acaba chegando perto da cerca que ele consegue ver da janela do seu quarto. Acompanhando a cerca para ver até onde ela iria, ele conhece um menino chamado Shmuel.

A amizade entre eles vai se fortalecendo, mas ninguém pode saber disso. Eles não deveriam sequer conversar. Por ser jovem, Bruno não entende direito o motivo de eles serem separados por uma cerca, e só consegue pensar o quão legal deve ser ali dentro, junto com dezenas de outras crianças com quem pode brincar.

Pode conter spoiler. Selecione para ler:
No entanto, ele descobrirá tarde demais que o lado de dentro da cerca não é bonito nem divertido e que quem entra ali não sai dali com vida.

... ...

Só em escrever essa resenha, já estou com os olhos marejados. Não tanto pela história, confesso, mas pelo contexto em que foi inserida. Pensar em todas as pessoas que morreram por intolerância e ignorância é doloroso.

Enfim, falemos do livro. Como já citei, eu já havia assistido ao filme há alguns anos, mas como adaptações raramente são fiéis, não sabia bem o que encontraria. Na verdade, achei o filme muito fiel à obra e gostei bastante disso.

A forma como o livro é narrado, falando da amizade entre um judeu e um alemão em plena Alemanha nazista também é outro ponto positivo, pois torna esse tema um pouco menos denso. Porém, notei alguns pontos negativos também:

Pontos negativos: narrativa infantil. Se fosse narrado em primeira pessoa seria mais tolerável, mas como é em terceira pessoa acabou ficando um tanto quanto bobo e superficial em alguns momentos; protagonista ingênuo demais. Tudo bem, é uma criança e a história se passa em uma época em que os mais jovens "não tinham vez" em suas casas, mas Bruno poderia ser mais espertinho. Ele não precisava saber exatamente o que se passava dentro daquela cerca, mas ter um pouco de noção para um menino de 8-9 anos é bem bom.


Maaaas, se ele não fosse assim bobinho não teria história, né? Então vamos em frente.

O menino do pijama listrado é para quem gosta de histórias fortes narrados de forma ingênua, do ponto de vista de um ser inocente. É também para quem se comove com as dores alheias e gostaria que o cenário da trama não tivesse nada de real. Uma excelente forma de compreender o que foi o Holocausto.

Top Comentarista fevereiro 2017

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12 comentários:

  1. Eu adoro esse livro, sinceramente eu ótima recomendação para quem deseja ler livros rápidos. A historia é bastante emocionante. No final fiquei bastante surpresa. A capa, acho que tudo haver com livro, ela traduz bastante o contexto que acontece o encontro entre as duas crianças, nos dois mundo totalmente diferente

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  2. Boa tarde, eu não li esse livro mas vi o filme. Se trata de uma história muito pesada, como você frisou narrada por uma criança. triste demais.
    Beijos 😘
    Minhas Inspirações por Sara Menezes

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  3. Oi! Eu nunca li o livro mas já assisti o filme e chorei muito. Eu não gosto de nada com temática de segunda guerra porque a crueldade humana me enoja e eu fico profundamente triste por ver que tantas pessoas morreram por causa de sua raça ou crenças naquela época. Mesmo assim, acho que me arriscaria a ler a história.
    Beijo! Leitora Encantada
    Participe do sorteio do blog e concorra a três livros

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  4. Eu tenho muita curiosidade pra ler esse livro, mas não curto muito história nem guerras, então fico adiando. Fiquei um pouco triste em saber da narrativa, mas acho que ela como um todo vale a pena ler, só acho que deve ser bem tenso...

    Beijo!
    http://tipsnconfessions.blogspot.com

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  5. É uma história de humanidade. Bruno enxerga Shmuel como outro ser humano e não como alguém rotulado. Pena que ainda hoje muitos de nós não consigamos perceber que a pessoa que está ao nosso lado (negro, islâmico, católico, protestante, rico, pobre, judeu...) tem sentimentos como nós... Simples, mas ao mesmo tempo humanamente profundo.

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  6. Kemmy!
    Sempre me emociono muito com os livros passados nessa época tão dolorosa para toda humanidade e ver a ingenuidade infantil retratada nas páginas do livro, me deixou bem comovida.
    Já li e sempre lembro de como para as crianças, o preconceito não existe em nenhum grau.
    Foi um livro bem retratado e doloroso.
    “O saber é saber que nada se sabe. Este é a definição do verdadeiro conhecimento.” (Confúcio)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de FEVEREIRO, livros + KIT DE MATERIAL ESCOLAR e 3 ganhadores, participem!

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  7. Oi, Kemmy!!
    Nunca li nada de John Boyne, mas já conhecia o livro é o filme mais ainda não tive coragem de ler. Gostei bastante da resenha que foi bem instigante e mostrou que o tema e forte por se tratar do holocausto mas que também tem seu lado positivo como a amizade de Bruno e Shmuel.
    Beijoss

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  8. Nunca li o livro, mas já assisti o filme e é muito emocionante e comovente. O livro deve ser ainda maiss.. Adorei a resenha :)

    www.vivendosentimentos.com.br

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  9. Oi, Kemmy

    Eu não gosto de histórias sobre a Segunda Guerra porque conheço pessoas que perderam pais, avós e até sofreram na pele um pouco dos horrores da guerra, então não é algo que me faça bem. Que pena que você achou a narrativa infantil, mas talvez tenha sido essa a intenção do autor mesmo.

    Beijos
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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  10. Eu sofro demais nesse tipo de livro então não leio mais. Apesar de todas as críticas e ser um clássico não tenho vontade de ler

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  11. Oi, tudo bom?
    Gostei muito da resenha, já ouvi falar muito bem do livro e do filme também, porém não li e nem vi, mas pretendo, parece ser uma historia realmente muito emocionante, já irei me preparar para as lagrimas.
    Beijos *-*

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  12. Já assisti ao filme mas ainda não consegui ler o livro, mas quero muito. Pelo que li em sua resenha e como você mesma citou o filme é bem fiel ao livro. Que pena que você achou a narração muito infantil, no filme também me estressei com algumas atitudes de Bruno, mas como você disse, se não fosse isso não haveria história. Gostei da dica e da resenha.
    Abraço!
    A Arte de Escrever

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Os comentários passam por moderação, pois são todos lidos com muito carinho.

Ultimamente não tenho conseguido responder, mas retribuo as visitas de todos que deixam os links ao final do comentário. Beijos!